A linda e talentosa atriz Letícia Chiochetta concedeu entrevista com exclusividade ao Blog
A talentosa atriz gaúcha, Letícia Chiochetta, 31 anos, natural de Sananduva e residente há 4 anos em São Paulo, fala com exclusividade para o Blog sobre a sua carreira artística. A paixão pela arte nasceu aos 7 anos de idade quando já fazia teatro pelas ruas da pequena cidade do interior onde nasceu. Hoje morando na terra da garoa, a atriz já realizou inúmeros trabalhos na área teatral e concluiu mestrado em Artes Cênicas na Escola de Comunicações e Artes da USP.
“Ser atriz é muito mais do que estar em cena, é quase uma filosofia de vida. Como atriz observo, penso, leio, pesquiso, escrevo, contabilizo, dou aulas, canto, danço, conto histórias, passeio na Avenida Paulista e também atuo. É na relação com o público que construo a beleza indescritível da experiência de viver o momento presente. É no instante da cena que deixo a cena de lado e descubro a vida”. Letícia Chiochetta
Confira a entrevista na íntegra **
- Conte como começou a sua carreira de atriz?
Começamos com uma pergunta difícil. Onde inicia uma carreira? Bom, hoje considero que minha trajetória iniciou quando tinha 7 ou 8 anos e fazia teatro com minhas amigas de rua. Foi lá que comecei a descobrir minha paixão pela arte da cena e onde já trabalhava, mesmo que inconscientemente, com a energia que me movia em alguma direção. No entanto, apenas após a concluir a graduação em Artes Cênicas, no DAD/UFRGS, em 2008, e após ter participado de diversas peças teatrais, é que realmente considerei-me uma atriz profissional.
- Há quanto tempo está morando em São Paulo? O que lhe motivou a trocar o RS pela capital paulista?
Estou em SP há 4 anos e meio. Não foi fácil deixar para trás Porto Alegre, cidade onde morei por 10 anos e pela qual tenho um carinho enorme. Porém, no momento em que cheguei a capital paulista, algo me dizia que não mais retornaria ao sul. São Paulo me teve como um ímã conquista a outra parte que o pertence. As maiores possibilidades de trabalho na área, a efervescência cultural e artística, a diversidade, a mente aberta e a energia de SP são o que me trouxeram até ela. Seu pulso em mim pulsa, pulsarão, pulsarinho - com a permissão do poeta ao trocadilho. Obviamente, nem tudo são flores, há certa glamorização da terra da oportunidade, principalmente por parte da classe teatral, que muitas vezes continua encontrando dificuldades de trabalhar com dignidade por essas bandas de cá.
- Fale sobre os seus trabalhos como atriz?
Ser atriz é muito mais do que estar em cena, é quase uma filosofia de vida, rs. Como atriz observo, penso, leio, pesquiso, escrevo, contabilizo, dou aulas, canto, danço, conto histórias, passeio na Avenida Paulista e também atuo. Atualmente, diria que estou bastante envolvida com o grupo Poesia no Espaço, que ajudei a fundar e com o qual tenho realizado contações de histórias de mitologia grega. Participo ainda do grupo L.I.V.E. (Laboratório de Improvisação Vocal e Experimentação) e sou preparadora de voz da Cia das Artes, uma oficina de atores. Além disso, estou normalmente ensaiando alguma peça ou idealizando novos projetos de espetáculo. Nesse ano de 2014, acredito que retornei à cena com a peça “Entrelinhas”, com direção de Marta Moreno, que estreou no final de 2013 e fez apresentação em diversas cidades da Grande São Paulo.
- Qual o trabalho que mais marcou sua carreira?
O monólogo que realizei como trabalho de conclusão de minha graduação em Artes Cênicas, na UFRGS e com o qual fiz temporada no projeto TPE, posteriormente. A peça “Grande recital operístico e conversações intrusivas sobre a vida e a arte dos artistas”, baseado na obra “A prima-dona”, de Alcione Araújo, foi uma empreitada que realizei pelo universo do canto lírico, além de ter sido a primeira vez que estive sozinha em cena, com um texto de minha escolha e adaptação igualmente realizada por mim. Eram muito minhas as inquietações vividas pela personagem, a crise e o questionamento do papel do artista suscitados no trabalho. Acredito que esses sejam os trabalhos que mais marcam a carreira de um artista: quando comunicamos algo que precisamos dizer, algo que nos move profundamente, que diz quem somos e para quê viemos. Tive outros trabalhos importantes em minha carreira, mas quando olho pra trás consigo ainda sentir o sangue de Carmem, de Bizet, (uma das personagens que vivia no espetáculo) a percorrer minhas veias.
- Como vc avalia o mercado artístico em São Paulo?
Não gosto de pensar na arte como um produto mercadológico. As ideias de competição, de concorrência por editais, de testes para atores, podem ser cruéis e fazer o artista, mas falo principalmente do ator, acreditar que não há espaço para todos. Eu acredito que há espaço para todos sim. Tenho a visão romântica e quem sabe até mesmo utópica de que a arte que precisa existir, encontra maneiras de ser. No entanto, é impossível negar os entraves do “mercado”. Numa cidade como São Paulo, em comparação com Porto Alegre, há muito mais oportunidades para atores, nas mais diversas áreas de atuação, mas em compensação há igualmente muito mais atores. É o mesmo que ocorre em todas as outras profissões. A questão do espaço da arte na sociedade é bem complexa e exige que se avaliem diversos fatores, porém me parece que não há outra cidade no Brasil tão efervescente e artística como a terra da garoa.
- Recentemente vc concluiu um mestrado. Fale sobre este projeto: Onde realizou o mestrado, no que se especializou e porque decidiu tb partir para esta área? Já está desenvolvendo algum trabalho em alguma Universidade?
Conclui em 2013 meu mestrado em Artes Cênicas na Escola de Comunicações e Artes da USP com a dissertação intitulada “A criação da cena teatral à luz de Alfred Wolfsohn e Roy Hart”. Foi uma pesquisa na área da voz para o ator, na qual estudei dois pesquisadores pouco conhecidos no Brasil, mas de uma riqueza e profundidade imensas na busca pelo ser e sua expressão genuína. Quando conheci essa linha de pesquisa, em 2009, soube imediatamente que queria investigar e pesquisar em mim mesma os princípios de trabalho propostos por estes artistas. E foi assim que aconteceu. Estudei com a Roy Hart Teacher Paula Molinari, única brasileira com esse título, e realizei diversos workshops e aulas particulares com outros professores, alguns deles no CAIRH (Centro Artístico Internacional Roy Hart), no sul da França. Hoje, sinto que tenho a obrigação social de compartilhar esse aprendizado e levar adiante alguns desses primorosos fundamentos para o trabalho de autoconhecimento do indivíduo e para a criação artística. Em minhas pesquisas pessoais e conduções de aulas permito que minha experiência e estudo do assunto possam contribuir para a criação cênica e para a formação de novos atores.
- O que mais lhe encanta na arte de atuar?
A vida nela contida.
- Você prefere atuar no teatro, no cinema ou na televisão (seriados, novelas, etc)? Porque?
A maioria dos meus trabalhos como atriz foi no teatro. Portanto, é na relação com o público que construo a beleza indescritível da experiência de viver o momento presente. É no instante da cena que deixo a cena de lado e descubro a vida. Gosto também muito do cinema, embora tenha menos experiência de atuação nessa área.
- Se pudesse deixar um conselho para os futuros atores, qual seria?
Busquem a autenticidade.
- Para finalizar, defina em uma palavra a profissão de atriz:
Doação.
Veja alguns trabalhos da atriz: