Thiago Prade fala com exclusividade ao Blog sobre a carreira de ator
O talentoso ator Thiago Prade da Costa, de 27 anos, natural de Porto Alegre, falou ao Blog Marcy Saffi Jornalismo e Cultura em uma entrevista exclusiva. O ator, que mora atualmente em São Paulo, teve despertado a vontade para a carreira artística aos 8 anos quando assistiu o filme “Jurassic Park”. Mais tarde, dedicou alguns anos da vida dele a faculdade de publicidade, a qual não terminou, porque sentia que aquele não era o caminho. Porém, o curso de graduação serviu para abrir portas para o trabalho de ator. Foi nesta época que o canal de vídeos “YouTube” começou a ter expressiva relação na vida de Prade, que entre brincadeiras e trabalhos experimentais com os colegas da faculdade, impulsionou a criatividade e as oportunidades para o mundo da interpretação. Atualmente o ator se dedica a um projeto de Jorge Furtado e a duas séries piloto da Verte Filmes.
Talento, determinação e um olhar crítico e descontraído sobre a vida de ator estão presentes no espírito cativante e latente de Thiago. Em busca de uma palavra para definir a profissão de ator ele resume com muito bom humor:
“Fiquei muito entre resistência e experimentação. Joguem uma moeda para cima. Cara é resistência e coroa experimentação”.
- Como iniciou a sua carreira de ator?
A vontade iniciou quando eu vi Jurassic Park pela primeira vez com 8 anos de idade e me dei conta de que o único jeito de viver esse tipo de coisa seria fazendo de conta. Porém, em vez de fazer teatro na faculdade, preferi não enfrentar a família. Resolvi fazer publicidade, que eu descobri não curtir nada. Larguei o curso quase no final, mas reconheço que foi muito importante principalmente pelos amigos geniais que conheci. Foi com alguns desses amigos que eu comecei a fazer vídeos de comédia para as cadeiras de audiovisual. E bem nessa época, a gente estava na onda desse site novo onde você podia carregar vídeos online. Daí pra gente querer postar vídeos nesse tal Youtube foram dois palito. Nunca rendeu dinheiro, era muito difícil conciliar o tempo e não tínhamos experiência nenhuma, mas serviu para eu ter certeza de que era isso que eu queria fazer para o resto da vida. Sem contar que esses vídeos online serviram de porta de entrada para outros trabalhos. Devo muito ao Youtube. Todo dia 18 de cada mês eu faço uma dança tribal específica para honrar essa ferramenta.
Já o teatro eu comecei durante o curso de publicidade, graças ao incentivo de amigos e da namorada da época, entrei para uma oficina de montagem teatral no TEPA. Meu primeiro trabalho, com atuação, veio logo depois numa peça infantil da “Vida Urgente”, em 2007.
- Atualmente vc está trabalhando num projeto piloto chamado “Alce & Alice + Necrópoles”. Sobre o que fala, quem é o diretor e qual personagem vc interpreta ?
São dois pilotos de séries diferentes realizados pela mesma produtora, a Verte Filmes, que tem a intenção de entrar com esses pilotos em editais e festivais de conteúdo por esse Brasilzão de meu Deus.
Alce & Alice é sobre um grupo de jovens completamente despreparados e pretensiosos que tentam realizar uma série grandiosa para vender aos canais de televisão. A burrice, o ego e a teimosia acabam ditando a comédia das situações. O piloto foi dirigido pelo Diego Barrios e Tiago Rezende, com roteiro do Tiago Rezende e Gabriel Faccini. Eu interpreto Willian, um diretor cabeça-dura que tem a pretensão de um Orson Welles com o preparo de um Márcio Garcia.
Já Necrópoles apresenta o cotidiano de um grupo de amigos que passam seu tempo num necrotério, onde um deles trabalha. Um com o caráter mais falhado do que o outro. Humor negro e non-sense é a pilha dessa série, dirigida pelos Rezende e Faccini. O roteiro é da trinca Luciano Braga, Tiago Duarte, Vinicius Fontoura e Tomás Fleck (também conhecido como hellooo). Eu interpreto Luque, um sujeito melindroso que usa o necrotério como antro de melindres.
As duas séries têm muito potencial, então bora cruzar os dedos pra que a gente possa ver mais episódios delas ano que vem.
-Vc tb participou recentemente de um documentário chamado “O Mercado de Notícias”, de Jorge Furtado. Como foi realizar este trabalho e sobre o que fala o documentário?
Uma vez no colégio teve um passeio ao cinema. Nesse passeio, a gente assistiu “Houve uma vez Dois Verões”, do Jorge Furtado. E eu lembro da sensação de “Cara, que afuzel, fazem filmes em Porto Alegre!”. Jamais diria que 10 anos depois eu estaria recebendo uma ligação do Jorge Furtado para integrar o próximo projeto dele. Baita momento. Mais tarde eu descobriria que o projeto não era nada convencional: minha primeira participação num longa-metragem para o cinema seria numa peça de teatro elizabetana filmada para um documentário sobre jornalismo. Foi demais poder trabalhar com alguns dos artistas mais experientes do teatro e cinema gaúcho. Uma grande experiência e um grande passo para o meu maior objetivo: fundar uma escola de atuação para o teatro elizabetano encenado para cinema de documentário sobre jornalismo.
O documentário produzido pelo timaço da Casa de Cinema de Porto Alegre é uma mistura de depoimentos de grandes jornalistas brasileiros junto com investigações bem-humoradas de causos onde a imprensa falhou, além de cenas de uma peça de comédia escrita pelo inglês Ben Johnson, no século XVII. A peça conta sobre a criação da primeira agência de notícias do mundo e a ascensão e queda de um playboy vaidoso que vê interesse nesse mercado. Além de questionar qual o papel do jornalista de hoje, a intenção é fazer o público olhar para a imprensa com a consciência de que muita manchete que está ali obedece outras razões, além da simples divulgação de fatos. Até porque, né, são empresas com fins lucrativos. Enfim, baita filme. Muito orgulho de ter feito parte.
- Além destes dois trabalhos conte quais foram os trabalhos no teatro, no cinema e na TV que mais marcaram a sua carreira até hoje?
Todas as oportunidades que eu tive de trabalhar entre meus amigos e pessoas que eu admiro foram marcantes. A maior parte na forma de sentimentos e algumas poucas na forma de hematomas.
- Teve algum personagem que vc interpretou que mais marcou? Ou todos foram especiais?
Um personagem que eu criei para um vídeo da “Tem um Cara nos Seguindo”. O personagem se chama Eriberto Cricket e eu fiz uma inscrição falsa para o Big Brother com ele. Nem mandei para a produção do programa, só postei no Youtube porque era claro para mim que era uma paródia. E não é que o vídeo gera uma repercussão, porque uma galera achou que era verdade? E o vídeo acabou postado num dos sites da Globo com a manchete: “Olha cada louco que se inscreve no BBB”. Foi bem engraçado. Aliás, esse personagem vai estar pipocando em breve num novo canal do Youtube, que eu pretendo abrir até o fim do ano.
- Como ator vc prefere atuar no teatro, no cinema ou na TV?
Como ator eu prefiro atuar. Aonde der. Minha paixão é o cinema, mas não dá pra negar que a experiência mais completa de atuação se dá no palco.
- Vc acha importante o ator realizar trabalhos publicitários para a carreira? Ou seria uma forma de remuneração que ajuda na vida profissional de um artista?
A publicidade usa os atores como meio e acho que os atores podem muito bem usar a publicidade como meio também. A diferença é que a publicidade usa o ator como meio de chegar até o público, e o ator usa a publicidade como meio de chegar até o fim do ano. Todos concordam que seria mais legal se o sustento do artista viesse exclusivamente do público. Mas infelizmente, conforme podemos conferir no GoogleEarth, o mundo não é um morango. A publicidade vai dominar o entretenimento por um bom tempo, até os Catarses da vida começarem a arranhar a estrutura.
- Atualmente esta fazendo algum comercial de TV ? Ou conte qual foi o último?
No momento não. O último que eu fiz foi uma minissérie institucional para a NET.
- Porque tomou a decisão de se mudar p/ São Paulo? Há maiores oportunidades para a carreira de ator por aí?
Por ser uma cidade maior, com certeza tem mais oportunidades. E mais gente querendo essas oportunidades também. Mas, o mais legal de São Paulo é a chance maior de integração com pessoas de todos os estados do Brasil. A troca que resulta disso enriquece o trabalho. Além do mais, a ponte São Paulo-Porto Alegre é mais curta do que parece. Nunca vou deixar de ter contato com o Portinho. Ainda tem muita coisa que eu quero fazer em Poa. Até porque, o melhor cachorro-quente do mundo tá lá. Ahh, Big Duck's...
- Qual o conselho que vc deixaria para os atores iniciantes que sonham com esta carreira de ator e atriz?
Acho estranho eu dar conselhos, por que ainda me vejo no começo. Não existe um faça isso ou aquilo. A melhor coisa a fazer é focar em cima do autoconhecimento. Primeiro para saber o que se quer de verdade e segundo para saber no que é preciso trabalhar e melhorar para conseguir o que se quer. Temos internet! Desde nó em gravata até atuação com Michael Caine, não há limites no que se pode aprender com ela. E não há limites no que um ator pode aprender para melhorar o seu trabalho.
- Defina em uma palavra a profissão de ator.
Fiquei muito entre resistência e experimentação. Joguem uma moeda para cima. Cara é resistência e coroa experimentação.